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Associação dos Detetives do Brasil

Apostila – Investigação Privada

Autor: Venâncio Melo – Presidente ADB

Capítulo 9 – Prova Técnica e Cadeia de Custódia
Apostila: Formação em Investigação Privada – ADB
Autor: Venâncio Melo • Instituição: Associação dos Detetives do Brasil

Prova Lícita Organização de Evidências Cadeia de Custódia Relatórios Técnicos Segurança Digital

Capítulo 9 – Prova Técnica e Cadeia de Custódia

A prova técnica é o resultado organizado, documentado e verificável do trabalho do detetive particular. É aquilo que “fica” depois da operação: fotos, vídeos, registros de horários, rotas, observações, prints, relatórios e demais elementos que podem sustentar a verdade dos fatos.

Já a cadeia de custódia é o conjunto de procedimentos usados para preservar a integridade dessas provas, desde o momento da obtenção até a entrega ao cliente ou, quando cabível, ao advogado ou autoridade.

Este capítulo mostra como o detetive deve produzir, guardar e apresentar provas de forma técnica, lícita e organizada.

9.1. Conceito de prova técnica na investigação privada

Considera-se prova técnica, no contexto da investigação privada:

Prova técnica não é “opinião” do detetive. É o registro verificável de um fato.

9.2. Diferença entre informação, indício e prova

O trabalho do detetive é transformar informações e indícios em provas técnicas, sempre com respeito à legalidade.

9.3. Legalidade da prova – o que o detetive NÃO pode fazer

Mesmo que o cliente insista, o detetive não pode obter prova por meios ilícitos:

Provas obtidas de forma ilícita podem:

Regra de ouro: “Prova boa é prova que pode ser mostrada sem medo em juízo.”

9.4. Cadeia de custódia na prática do detetive

Na esfera policial, a cadeia de custódia segue normas específicas. Na investigação privada, o detetive adapta esses princípios, adotando procedimentos que demonstram:

9.4.1. Etapas básicas da cadeia de custódia

  1. Obtenção – momento em que a prova é coletada (foto, vídeo, anotação).
  2. Registro – anotação imediata de data, hora, local e contexto.
  3. Armazenamento – salvamento seguro (cartão, HD, nuvem).
  4. Preservação – proteção contra edição e perda.
  5. Entrega – repasse formal ao cliente ou advogado, preferencialmente com protocolo.

9.5. Boas práticas com fotos e vídeos

Para fortalecer o valor técnico do material audiovisual, o detetive deve:

Quando for necessário recortar, o ideal é:

9.6. Prints e material digital

Prints de conversas, postagens e telas podem ser relevantes, desde que:

O detetive deve evitar:

9.7. Organização da prova para o relatório

A prova só tem valor pleno quando é compreensível. O relatório deve:

9.7.1. Exemplo de descrição técnica

Modelo:
“No dia 12/03/2025, às 19h42min, o investigado saiu do endereço residencial (Rua X, nº Y, Bairro Z) em um veículo marca A, modelo B, placa AAA-0000. Às 20h15min, estacionou em frente ao restaurante ‘Tal Lugar’ (Av. Exemplo, nº 123). Permaneceu no local até 22h03min, na companhia de pessoa do sexo feminino, não identificada, com quem manteve contato físico (abraços e beijos). Registro fotográfico: Imagens 01 a 08.”

9.8. Segurança e sigilo dos arquivos

A prova é patrimônio sensível. O detetive deve:

Em caso de roubo ou perda de equipamento, o detetive deve:

9.9. Prova técnica e atuação do advogado

O detetive não atua no processo, mas sua prova técnica:

A relação detetive–advogado deve ser profissional, baseada em:

9.10. Checklist de prova técnica e cadeia de custódia

9.11. Conclusão do Capítulo 9

A prova técnica é o resultado concreto da investigação privada. Sem prova organizada, o trabalho do detetive se torna vulnerável, difícil de explicar e, muitas vezes, inutilizável em qualquer contexto jurídico.

A cadeia de custódia, mesmo adaptada à realidade civil, mostra que o profissional:

“A diferença entre um curioso e um detetive profissional está na qualidade da prova que ele produz e na forma como ele cuida dela.”

No próximo capítulo, aprofundaremos o tema dos equipamentos profissionais utilizados na investigação privada – suas possibilidades, limites e cuidados legais no uso em campo e no ambiente digital.